sábado, 29 de outubro de 2011

Originalidade

O problema da originalidade abate o ânimo de qualquer iniciante. Todos imitam, lembremos. Logo todo artista se baseia na obra de outro, ou melhor, de outrem. E nessa digressão poderíamos chegar ao primeiro artista. Mas como se os deuses estão inacessíveis e fartos de nós? Então, como se transformar num deus?

Hoje, com tanta gente iluminada pelos holofotes da mídia, é muito difícil encontrar essa divindade, sobretudo, com a "patrulha da originalidade" sempre atenta, que não deixa escapar detalhes mínimos, nenhuma sutil inspiração. Essa turma esquece o quanto somos profícuos em evoluir, ampliar, adaptar, mas não muito habilidosos no ato de criar. Por isso, compor parece-nos o verbo mais digno que há na boca do artista, pois tem a ideia de juntar partes. "Estou compondo", quer dizer, "Estou juntando coisas". E com muito trabalho e tempo depois talvez venha ao mundo outro Frankstein, ou quimera, ou esfinge. Escolha a mitologia.

Nossa proposta aqui não vai além da exposição da angústia que a originalidade impõe a quem seja for. Obviamente, ela é importante, contudo sem ser levada a sério em demasia para não podar a criatividade e o ato. Com a profusão de tantos sujeitos, resta adquirir personalidade para não ser confundido com os semelhantes. Bem como não se desesperar e cessar as atividades.Afinal, gostamos quando certas coisas se repetem. Está aí Camões que não deixa Vinicius de Moraes mentir. Afinal, quais são as palavras que nunca são ditas, né, Renato Russo?

Vamos relaxar um pouco de vez em quando, permitir que o prazer domine mais que a crítica vazia e as divagações academicistas. O filme é bom, cumpriu sua meta de entreter? Ótimo. "Ah, mas usa as mesmas piadas daquele outro!". Pow, cara, tu é chato, viu? Nunca se olhou no espelho, não? É isso, nos desarmemos e exijamos sempre dentro dos limites. Densidade e "pureza" só nos clássicos. E olhe lá! Sei, nossos padrões de beleza são altos, mas custa muito não ser o chato da vez? 

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