segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Religião: uma questão no mínimo escalafobética

Existem vários textos que tratam do tema religião X ciência, mas a grande maioria relata que uma não acorda com a outra, e também que uma não existiria sem a outra, que uma de certa forma dá suporte ao embasamento da seguinte. O que proponho aqui é um ponto de vista um pouco diferente dos outros, farei uma perspectiva diferente, onde a religião não só se contrapõe à ciência, bem como ela não deve se basear na teoria da ciência para conseguir continuar na ativa, pois a ciência não se baseia na religião, a não ser para provar que algo que foi dito está errado.

          A ciência vive em paralelo com a religião, sim, porém pelo simples fato de querer de uma vez por todas responder a perguntas que até hoje ninguém conseguiu decifrar. Por outro lado, ela não se baseia em religiões, nenhuma, ela vive paralelamente, de forma sucinta e coerente, sem querer fazer comparações nem querer provar que é melhor ou não, simplesmente faz o que seu nome quer dizer em sua essência (do latim scientia, traduzido por "conhecimento"), traz conhecimento evidenciado para evoluirmos, mentalmente e humanamente, sem precisarmos nos apegar a nenhum escrito disso ou daquilo. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

           Há pelo menos duas formas da religião encarar a ciência, seriam essas: a fundamentalista, que diz que o mundo foi criado há cinco mil setecentos e setenta e um anos e que Deus já criou o ser humano do jeito que é hoje, assoprando uma estátua de barro, assim criando Adão e tirando uma costela dele criou Eva; a moralista diz que o mundo tem quatro bilhões e meio de anos, porém que Deus está por trás de tudo, até mesmo da evolução.

          Certa vez assisti a um vídeo no Youtube, de um cara chamado Fábio Marton, que dizia mais ou menos assim: “Os cristãos moderados têm uma visão sobre a evolução que é bastante popular, mas é também errada, a evolução sempre nos leva a falar que tal animal é menos evoluído ou mais evoluído, do menos parecido com o mais parecido com o ser humano, do mais simples pro mais complexo. Em muitos casos na evolução significa a perda de complexidade, por exemplo, os urocordados são animais marinhos parentes dos vertebrados, mas se parecem amenos, eles já foram mais complexos do que são os de antigamente, eles tinham uma vida livre no mar, eles pareciam com peixe e hoje eles são como anemaros primitivos. Se você parar pra pensar é um plano escalafobético esse de Deus de usar a evolução pra criar um animal para que ele pudesse encarnar e morrer em nome de nossos pecados, se o universo tem quatorze bilhões de anos, há quatro bilhões e meio de anos surge a Terra, há três bilhões e oitocentos milhões surge à vida na Terra, há um bilhão de anos surgem animais multicelulares e há mais ou menos quinhentos e cinquenta milhões de anos, na explosão do cambriano, surgem animais complexos e ainda assim o maldito ser humano que estava lá e era o plano de Deus desde o começo só veio surgir a duzentos mil anos”.

        Com essa provocação do Fábio eu tento exprimir uma linha de pensamento em que os verdadeiros religiosos (que não é o meu caso) deveriam se basear em outros argumentos, pois se eu deixo brechas numa colocação, essa brecha serve de auxílio num debate para os ímpios, que, por sua vez, não têm obrigação nenhuma de provar ou deixar de provar nada, mas, sim, de questionar e ser questionado quando for necessário.

        A religião está se tornando cada vez mais escalafobética, estranha, afobada, pois tenta acompanhar os avanços e com isso acaba se contradizendo sobre muitas coisas. Não estou aqui para julgar, mas como um ser crítico sinto o dever de expor meus pensamentos sobre tal assunto que muito mexe com as pessoas. Então, fica a dica para os que insistem em continuar com colocações preconceituosas e que não ouvem outras opiniões: tenham argumentos embasados na própria religião em que acreditam e vivam em paz, pelo menos consigo mesmos.

                                                                                                                   
                                                                                                                              Igor Monteiro

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