terça-feira, 10 de julho de 2012

Status quo

Autoria: Angeli.
Não tem jeito, até findar o processo eleitoral este será o assunto mais desinquietante do nosso humilde blog.

Passado o dia 5 de julho e definidas as chapas concorrentes, percebemos pouca "anormalidade". Em União dos Palmares, talvez, o menos esperado fosse que o empresário José Clemente integrasse a chapa de Manoel Gomes de Barros como vice-prefeito, dado que seu envolvimento em política partidária anterior fora, no mínimo, discreto. Nas circunvizinhas Branquinha, Murici, São José da Laje e Santana do Mundaú o quadro se repete: as mesmas caras de sempre no pleito.

Segundo a voz de alguns "patronos", é a tradição. Sei... Uma hegemonia que se perdura desde... desde tanto tempo que, pra não errar, podemos dizer: desde o descobrimento do Brasil, pois o clima é mesmo de estar numa capitania hereditária.

Pena que há poucos com disposição para fazer as vezes de holandeses. Ou melhor, insurgir-se tal como os negros. Enquanto avistamos escassos pontos luminosos no fim do túnel, o poder de decisão vai se revezando entre as mesmas mãos. E o povo sofrendo os mesmos flagelos.

Não reforço o discurso de que essa situação é "culpa do povo que vende seu voto", assim de modo tão raso e peverso, para explicar esse rodízio do poder. É fácil culpar quem está a margem do sistema e omitir-se. Por que quem afirma isso não faz o movimento inverso de questionar a razão do povo pobre vender seu voto? Ou, então, o que esses do discurso minimalista têm feito para ajudar o povo a tomar consciência do real valor do "sufrágio universal", além de votar nas "pessoas certas"?

Mutilado socialmente, o povo não tinha meios muito plausíveis para se rebelar. Hoje isso começa a mudar com a ampliação do acesso à educação superior (ainda que não do modo ideal), aos meios alternativos de comunicação, menor depedência econômica e um certo "cansaço", como o daqueles que invadiram as casas do Programa da Reconstrução em União dos Palmares, no sábado dia 7.

Numa democracia, o voto continua soberano. Nós, povo, só temos este recurso contra toda a estrutura, contra toda a tradição se pensarmos diplomaticamente, o que para mim é sempre a primeira opção. Outra arma é a insurreição seja via movimentos sociais ou não, o momento histórico é quem decide isso.

Agora, outra questão se impõe. Diante do pleito atual, sem grandes alternativas, sem uma iderança legítima que cative as pessoas e as preencha do sentimento de mudança, o que fazer? Votar nulo? Existe "candidato menos ruim"? (Salve, Angeli!)

Triste ver que pouca diferença poderá acontecer a depender das pessoas que se colocaram à disposição do povo para governá-lo, dispostos apenas a manter o status quo. Enfim, faço a última pergunta deste texto:

Por onde anda nossa iconoclastia?



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