terça-feira, 4 de setembro de 2012

Classe média, alta sordidez

A classe média é o sustentáculo dos dominantes, senão a mesma coisa. Marx me perdoe se estiver fazendo esta leitura de modo equivocado. De qualquer modo, são os pequeno-burgueses quem ocupam determinadas posições na sociedade que servem de vanguarda, braço-direito etc. aos que estão no topo da pirâmide social. 

São eles quem se valem das famosas carteiradas: "Você pensa que está falando com quem? Eu sou filho de Fulano De Tal!". Ou, em estágio mais avançado, quando já facilmente reconhecidos, pintam, bordam, agridem, espancam, atiram e tudo fica por isso mesmo.

São aqueles que desrespeitam o espaço público e tudo que é público, ou mesmo os tornam patrimônios privados. Que usam as vias urbanas para exibir suas performances em motocicletas e carros envenenados, causadores de insônia.

Eles ainda têm a indecência de xingar* quem se beneficia de políticas públicas, como as cotas e o Bolsa Família, porque acreditam que a universidade lhes pertence e porque jamais passaram fome ou qualquer necessidade. Aludem à meritocracia no caso das cotas, dizem que o Bolsa cria "vagabundos". Mas se negam a enxergar a realidade de um povo que jamais teve acesso pleno à democracia, que literalmente morre na fila do SUS, nosso sucateado e fraudado sistema de saúde.

Essa classe vil de pessoas movidas a desumanidades está em todos os lugares, em todas as cidades e nós tanto as conhecemos quanto reconhecemos.

Pausa. A razão desta postagem é apenas apresentar o vídeo abaixo da professora e filósofa Marilena Chauí, muito conhecida no meio acadêmico pelos livros Convite à Filosofia e O que é filosofia, que, em palestra na USP, analisou a classe média paulista. Percebam como todo o meu furor, além de justificável, não é nada perto dos atos de insanidade desse seleto grupo social.

Aos reacionários, peço: contra-argumentem. Se puderem.


"Que país é esse?" - Renato Russo
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*Xingar aqui não se refere a quem, com argumentos, se posiciona contra tais políticas públicas.

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